segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 5 ANO VI


A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil
Campo Mourão (PR) - A jornalista Maritânia Forlin, acusada de repassar informações sobre a polícia a traficantes para conseguir furos de reportagem, anunciou, após passar 20 dias na prisão, que pretende se defender das suspeitas criminosas e “recuperar sua imagem” com o lançamento de um livro de memórias, relatando os “bastidores” da cobertura policial que culminou com sua prisão. A Justiça autorizou a libertação da jornalista na tarde de 26 de janeiro. Segundo o delegado José Jacovós, além de Forlin, outras seis pessoas também foram soltas. Ao todo, 16 pessoas foram presas na operação.

Rio de Janeiro (RJ) - O Escritório brasileiro da Organização das Nações Unidas para Educação. Ciência e Cultura (Unesco) condenou o ataque sofrido por profissionais da Rede Globo, em 24 de janeiro. Uma equipe da emissora sobrevoava o Morro da Mineira (RJ) no helicóptero Globocop, que foi atingido por tiros que forçaram o piloto a fazer um pouso forçado no Aeroporto de Jacarepaguá. No Globocop estavam o piloto, um operador de sistemas e a repórter Karina Borges, que tentavam mostrar imagens da operação policial que acontecia no Morro. Ninguém se feriu. Os três tiros disparados contra a aeronave atingiram o assoalho, o meio do helicóptero e a cauda. Em nota, a Globo informa que denunciou o ocorrido às autoridades policiais e aeronáuticas.

Curitiba (PR) - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou o atentado contra o jornalista Orley de Oliveira Júnior, diretor do jornal Morretes Notícia. Em 17 de janeiro, a casa de Orley foi invadida e uma bomba foi lançada na escada que dá acesso ao segundo andar. Objetos foram danificados, mas ninguém se feriu. “Quem fez isso não fez pra me matar ou derrubar minha casa: o objetivo era me assustar”, disse Orley depois do atentado. Essa é a terceira vez que o jornalista sofre um ataque, todos relacionados com seu trabalho.

Pelo mundo
Rússia - O jornalista brasileiro freelancer Solly Boussidan, colaborador do jornal O Estado de S. Paulo, foi preso em 28 de janeiro na cidade de Sochi, sob acusações de trabalhar sem permissão no país. Boussidan foi interrogado por 12 horas logo após enviar ao “Terra Magazine” um relato sobre o atentado a bomba no aeroporto de Moscou, que matou 35 pessoas em 24 de janeiro. O governo determinou a prisão do jornalista por dez dias antes de ser deportado. O Itamaraty e a Alemanha - onde o repórter tem cidadania - tentam interceder para que ele deixe a Rússia o quanto antes.

Egito I - Assad El Sawet, repórter da BBC, afirma ter sido espancado com barras de ferros por policiais durante a cobertura de uma manifestação que reuniu cerca de 15 mil pessoas no centro da capital Cairo, em 28 de janeiro. Sawet foi detido pelos guardas mesmo depois de ter se identificado como repórter. Ele também foi espancado com cassetetes elétricos e uma dezena de outros profissionais de imprensa foi presa.

Egito II - Em 30 de janeiro, o Ministério da Informação anunciou a suspensão das operações e o cancelamento das licenças da rede de TV Al Jazeera no país. A emissora, sediada no Qatar, realizava a cobertura dos protestos de rua contra o governo do presidente Hosni Mubarak, há 30 anos no poder. A Al Jazeera chegou a transmitir, em tempo real, as manifestações que aconteceram nas principais cidades do Egito, com comentários em inglês e árabe. A emissora divulgou um comunicado condenando o fechamento de seu escritório no Cairo - capital do país - e classificou a decisão do governo como “um ato destinado a sufocar e reprimir a liberdade de comunicação”. Os seis jornalistas da emissora que se encontravam detidos foram libertados, após o Departamento de Estado dos EUA intervir junto ao governo egípcio,

Nicarágua - O Centro Nicaragüense de Direitos Humanos (Cenidh) vai apresentar à Comissão de Direitos Humanos (CIDH) da OEA relatório com denúncias sobre violações à liberdade de imprensa no país. Diversos jornais independentes vêm reclamando que o governo de esquerda de Daniel Ortega nos últimos meses tem “perseguido” veículos. A diretora do Cenidh, Vilma Núñez, afirmou que apresentará o documento ao relator responsável pela liberdade de expressão da CIDH em Washington (EUA). Entre os episódios recentes que envolveram a imprensa e o governo, está o da TV Canal 15 Condega que teve suas transmissões suspensas em 17 de janeiro. A emissora estava recebendo ameaças desde 2008 pelas criticas que fazia ao governo.

Inglaterra I - O comentarista Andy Gray foi demitido da TV Sky Sports em 25 de janeiro, após declarar que assim como outras mulheres, árbitras que trabalham como bandeirinhas “não conhecem a regra do impedimento”, durante transmissão de uma partida entre Wolverhampton e Liverpool, em 22 de janeiro. Gray criticava diretamente a árbitra auxiliar Sian Massey, pensando que seu microfone estivesse desligado, enquanto conversava com o narrador Richard Keys. Dois dias depois, ambos foram suspensos da emissora por tempo indeterminado. Keys ligou para a árbitra para pedir desculpas, mas Gray não fez o mesmo, por acreditar que o narrador havia pedido desculpas pelos dois. Além deles, o repórter Andy Burton, que opinou sobre o comentário de Gray, não poderá acompanhar a cobertura da Copa da Liga esta semana, como forma de punição.

Hungria - Milhares de pessoas se reuniram em 27 de janeiro nas ruas de Budapeste para protestar contra a nova lei de imprensa aprovada pelo governo, numa articulação organizada pela rede social Facebook. Os manifestantes exibiam faixas com as frases “Sem imprensa livre não há liberdade” e “Queremos liberdade de imprensa”. A legislação foi aprovada pelo parlamento húngaro em 21 de dezembro de 2010. O texto determina a criação de uma pasta que reúna supervisão da mídia e das telecomunicações e o controle dos canais de televisão e rádio privados, bem como o de jornais e portais de internet, e que terá poder de fechar redações e aplicar pesadas multas a jornalistas e proprietários de veículos de comunicação. Alguns participantes do protesto - que contou apenas com representantes da sociedade civil - chegaram a colocar fita crepe na boca, como se fosse uma mordaça.

Costa Rica - O Colégio de Jornalistas (Colper) e o Instituto de Imprensa e Liberdade de Expressão se juntaram a um processo movido pelo jornal El Financeiro contra o Ministério do Trabalho que negou ao jornal acesso às informações sobre empresas que não pagam o salário mínimo. O El Financeiro reclama seu direito à informação e pretende que os dados sejam revelados. O Ministério, por sua vez, argumenta que a divulgação das informações requisitadas seria ilegal, uma vez que se referem a empresas privadas. O jornal respondeu que o pagamento de salários menores que o determinado por lei é de interesse público. O Colper apresentou um recurso judicial em apoio ao jornal, para garantir o respeito à liberdade de expressão e o acesso à informação pública.

Israel I - O escritório da TV Al Jazeera, localizado na cidade de Ramala, na Cisjordânia, foi invadido em 24 de janeiro em protesto pelo vazamento de documentos secretos sobre as concessões da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) a Israel, em meio à negociação de paz entre as partes. Imagens divulgadas pela emissora mostravam um grupo de pessoas reunidas em frente ao escritório da emissora. No Twitter o correspondente Alan Fisher disse que não houve nenhum ferido, antes da chegada da Polícia Palestina. Calcula-se que foram cinqüenta os manifestantes que se concentraram no ato.

Tunísia – O governo provisório fechou o Hannibal TV, um dos mais populares canais do país, na noite de 23 de janeiro porque a emissora privada estaria tentando “abortar a revolução dos jovens, espalhar confusão, incitar conflitos e transmitir informações falsas” que poderiam “criar um vácuo constitucional e desestabilizar o país para levá-lo a uma espiral de violência com o objetivo de restaurar a ditadura do ex-presidente”. O dono do canal foi preso. Um porta-voz do Hannibal afirmou que o governo simplesmente interrompeu o sinal, sem aviso ou explicações.

Inglaterra II - O diretor de comunicação do governo, Andy Coulson, pediu demissão em 21 de janeiro alegando ter se tornado impossível continuar no cargo após a onda de acusações de envolvimento em um caso de grampos ilegais de figuras públicas quando era chefe de redação do tabloide News of the World. O grande número de acusações e a probabilidade de elas continuarem por meio de ações civis e investigações policiais estariam incomodando sua família e tornando difícil sua concentração no trabalho. A investigação do caso, em que celebridades, políticos e até membros da família real teriam sido grampeados, será reaberta para que promotores avaliem todas as evidências entregues pela Polícia Metropolitana de Londres durante seu inquérito criminal de 2006 e qualquer material que tenha sido divulgado desde então. A saída de Coulson enfraquece o premier David Cameron e seu ministro de Finanças, George Osborne, que indicou o ex-editor do News of the World ao cargo e o defendeu publicamente em inúmeras oportunidades.

Israel II - O jornalista palestino Mamdouh Hamamreh enfrenta julgamento por “insultar uma figura pública” na rede social Facebook com uma imagem que fazia graça com o presidente Mahmoud Abbas – rival da facção Hamas. Hamamreh, que trabalha para a emissora de TV al-Quds, pró-Hamas, afirmou ter sido preso em setembro, horas depois de ter tido seu perfil marcado na foto, que mostrava Abbas próximo a um ator que interpreta um vilão em uma popular novela síria. O Facebook permite que os usuários marquem imagens com o nome de outras pessoas, pois assim elas aparecem automaticamente no perfil de quem foi “marcado”. A pessoa que teve seu perfil marcado pode, posteriormente, desvincular seu nome da imagem. O jornalista disse que não tinha relação nenhuma com a foto e contou ter ficado preso por mais de 50 dias.

Irã - O governo lançou oficialmente, em 23 de janeiro, sua “ciberpolícia” para combater crimes de internet e conter redes sociais que disseminam “espionagem e distúrbios” no país. A primeira equipe começou a atuar na capital, Teerã, e até o fim de março delegacias de outras cidades deverão ter suas unidades. O chefe de polícia Esmaeil Moghaddam afirmou que a ciberpolícia irá combater grupos dissidentes como os que usaram as redes sociais em 2009 para incentivar os protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Segundo Moghaddam, estes grupos se encontraram na internet, entraram em contato com outros países e deram início aos distúrbios que deixaram dezenas de mortos.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 4 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil

São Paulo (SP) - O fotógrafo Thiago Vieira pediu desculpas pelos comentários feitos em seu perfil no Twitter que ironizavam os torcedores e o clube de futebol Palmeiras. Após ter se envolvido em um incidente em 19 de janeiro, durante as eleições para o novo presidente do clube, Vieira teria sido agredido e expulso do local por conselheiros da equipe, que tomaram conhecimento de sua postagem no microblog. O profissional atuava como freelancer para o jornal Agora São Paulo. O editor Sérgio Carvalho informa que o Vieira substituía profissionais em férias, sendo a cobertura das eleições no Palmeiras sua última pauta para o veículo.
Natal (RN) - O repórter Rafael Duarte, o fotógrafo Ney Douglas e o motorista Clodoaldo Régis, do Novo Jornal, foram ameaçados de morte e mantidos em cárcere privado por alguns momentos em 18 de janeiro pelo empresário Augusto Targino, ex-diretor do Instituto de Pesos e Medidas do RN. A equipe de reportagem apurava uma matéria sobre uma granja que o deputado federal João Maia teria tentado comprar com um cheque apreendido pela Polícia Federal. Ao chegarem à granja do deputado, falaram com um rapaz que disse morar na propriedade vizinha, pertencente ao irmão de Targino.Ao voltarem à redação, foram informados que Targino havia ligado para o diretor-geral do jornal pedindo explicações sobre a suposta invasão de sua granja. Ao tentar falar com o empresário, a equipe foi trancada em um quarto e agredida verbalmente.

Salvador (BA) - Veículos de comunicação baianos denunciam que a Secretaria estadual de Segurança Pública (SSP) restringiu a divulgação de ocorrências policiais na região após a publicação de matérias na imprensa sobre a escalada da violência na capital do estado. Segundo o site Bahia Notícias, a Central de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar, responsável pelos registros de ocorrências policiais, estaria proibida de passar informações para a imprensa. Para o jornal A Tarde, a SSP teria informado que os dados passariam a ser divulgados na internet, através da Superintendência de Telecomunicações. Contudo, segundo jornalistas, o site da Secretaria não exibe as informações, e os delegados estariam proibindo o atendimento a repórteres. A determinação teria sido estampada em cartazes nas delegacias. Em entrevista ao jornal, a SSP disse que “não determinou mordaça alguma aos delegados e que os casos estão disponíveis para a imprensa”.

Pelo mundo

Iraque - Uma jornalista ainda não identificada morreu durante ataque suicida ocorrido em 20 de janeiro em Baquba, capital da província de Diyala. Um veículo foi lançado contra escritórios da polícia no local, e cerca de 30 pessoas ficaram feridas. Dois policiais também perderam a vida no atentado.

Escócia - A repórter Samantha Poling, da rede BBC, foi agredida durante a apuração de uma reportagem sobre venda ilegal de tabaco e cigarros. Com uma câmera escondida, Samantha tentava comprar tabaco ilegalmente, em um mercado de rua de Glasgow. Após, a repórter, acompanhada por uma equipe de gravação e dois seguranças, procurou a mulher que lhe vendeu o produto para devolvê-lo e ter seu dinheiro de volta. Ao abordar a vendedora e seu parceiro, outro homem apareceu - depois de ter seguido a equipe -, ameaçou a jornalista e a agrediu, ferindo sua mão. O agressor também partiu para cima dos dois seguranças com um bastão de ferro. Após ter sido ferida, Samantha deixou o material na barraca da vendedora e saiu do local.

Colômbia - A colaboradora do portal de jornalismo cidadão Soyperiodista.com, Gina Escheback, vem sofrendo ameaças de morte após publicar 43 artigos sobre direitos humanos e crimes cometidos por grupos paramilitares e o narcotráfico. Gina também presta serviço para a Associação Anne Frank, em que atua em defesa dos direitos humanos e vitimas da exploração infantil de áreas periféricas de Bogotá. Ela recebeu um bilhete com a advertência: “Você está se metendo com as pessoas erradas. Não siga publicando essas bobagens”. Além disso, os agressores ordenaram que Gina fosse embora da cidade e, caso publique algo novamente, será “caçada e eliminada”.

Peru - O apresentador Juan Vela Castro, do noticioso “Contato Direto", da rádio e TV Nor Selva, foi agredido em 17 de janeiro com uma chave de roda diante de sua residência pelo advogado Tito Vasquez. Minutos antes, o advogado o havia procurado na emissora, ameaçando-o de morte. A agressão foi represália às criticas feitas em seu programa contra Vasquez questionando seu fracasso num famoso caso judicial. Após o incidente, Castro denunciou o advogado por tentativa de homicídio e dano à propriedade.

Nicarágua - O jornal El Nuevo Diario denunciou que seus jornalistas têm recebido ameaças após a publicação de matérias sobre suposta corrupção no governo de Daniel Ortega. Os casos de corrupção e nepotismo estariam ligados ao Ministério da Fazenda e à Direção Geral da Receita e, nas últimas semanas, o El Nuevo Diario recebeu uma série de telefonemas e e-mails. O jornalista Luis Galeano, encarregado das matérias em questão, foi advertido “sobre o perigo que corre sua integridade física pelo que se atreveu a publicar”, explicou o jornal em editorial de 19 de janeiro.

Argentina - As publicações do empresário Sergio Szpolski e do jornal Página 12, aliados do governo, teriam sido favorecidos pela presidente Cristina Kirchner com verbas de publicidade oficial em 2010. O governo teria destinado 47,5% dos anúncios reservados aos meios de comunicação para os dois grupos. A denúncia publicada pelo La Nación se baseou em dados oficiais, porém parciais, já que o governo Kirchner não disponibiliza informações completas sobre as verbas de publicidade oficial desde meados de 2009. Do total de US$ 31,8 milhões que a administração pública destinou em publicidade oficial para a mídia impressa, US$ 6,87 milhões foram enviados ao Grupo Szpolski - que detém os jornais Buenos Aires Econômico e Tiempo Argentino e as revistas Veintitrés e Veintitrés Internacional. Já o Página 12 recebeu cerca de US$ 8,47 milhões em anúncios do governo.

Guatemala - Os jornalistas Jorge Toledo e Norman Rodas, do Canal 2, do estado de Quiché, acompanhavam uma coletiva de imprensa do Partido Patriota, em 15 de janeiro, quando foram agredidos por pessoas identificadas como integrantes da equipe de comunicação do partido. Um dos acusados, Edgar Girón, repreendeu os repórteres por não cederem a ele um bom lugar para posicionar seu equipamento de filmagem. Então, ele golpeou Jorge Toledo com o tripé da câmera. Ao tentar impedir a agressão, Norman Rodas acabou atacado por Éricka Marroquín, outra integrante do partido. Rodas foi levado ao hospital, para levar oito pontos na cabeça. Girón está em prisão domiciliar.

Venezuela - O governo de Hugo Chávez exigiu que a TV privada Televen deixasse de exibir uma novela que tem entre seus personagens um cão chamado “Huguito”. A Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), órgão estatal que regulamenta as telecomunicações, justificou o veto pelo fato de o país sempre ser associado “ao crime, à ingerência e à vulgaridade, numa manipulação descarada que pretende desmoralizar o povo venezuelano”. A telenovela colombiana “Chepe Fortuna” deixou de ser exibida pela TV na última semana. Além do cão “Huguito”, a produção apresentava ao público a secretária “Venezuela”, personagem fofoqueira e dona do cachorro. Em certo capítulo, a secretária perde seu animal de estimação, e uma amiga a consola dizendo: “Você vai se libertar, Venezuela!”. A novela foi tirada do ar no momento em que Venezuela e Colômbia voltavam a retomar suas relações diplomáticas. Alguns críticos chegaram a afirmar que a decisão do governo de Chávez reprime a liberdade da mídia do país. Porém, o presidente e seus aliados declararam que as críticas e as sátiras feitas ao seu governo provam que há pluralidade.

Uruguai - O escritor peruano Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura de 2010, afirmou que o jornalismo livre é fundamental para um ambiente democrático na América Latina. Llosa apontou que “a imprensa latina superou momentos de 'horrores do passado autoritário' e contribuiu para o fortalecimento de uma cultura democrática”. Em declaração à agência AFP o escritor afirmou ter consciência da importância do jornalismo livre: “Para que uma sociedade seja livre, para que se denunciem os erros e os horrores que às vezes fazem parte da experiência social, e do trabalho heróico, arriscado e muitas vezes trágico que tantos jornalistas latino-americanos têm desempenhado em nossa época”. Llosa esteve em Punta del Este para receber o Prêmio José Enrique Rodó 2011, conferido pelo Circulo da Imprensa Uruguaia.

México - A revista Contralínea foi condenada por ter publicado matérias com informações a respeito dos contratos outorgados pela estatal Pemex a empresas privadas. Segundo a decisão judicial, a publicação de tais informações por parte da revista configura uma “aberração ao lidar com o direito a informação e as leis de transparência”. Em 2010, a Contralínea divulgou matéria sobre os contratos da Pemex, que renderam uma série de ações judiciais contra a revista e seu diretor, Miguel Badillo. Coincidentemente, em 2009, Badillo pediu proteção à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A recente condenação foi por “danos morais” aos contratados pela Pemex que foram criticados nas reportagens denunciando uma série de irregularidades na estatal. Além da revista, foram condenados seu diretor e as jornalistas Ana Lilia Pérez e Nancy Flores.

França - Deputados da Eurocâmara, que integram o grupo dos Verdes, receberam, em 19 de dezembro, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, com mordaças e manchetes de jornais com a palavra “censurado”, em protesto contra a nova lei de comunicação social húngara. A legislação foi aprovada pelo governo de Orban e prevê a criação de um conselho com poderes de fechar redações e aplicar pesadas multas a veículos de imprensa e jornalistas. O premiê húngaro foi à Assembleia de Estrasburgo, para falar sobre as prioridades de sua presidência rotativa da União Europeia (UE), assumida em 1º de janeiro deste ano.

EUA - Repórteres do estado da Flórida denunciam que o novo governador, Rick Scott, está burlando as leis que garantem uma imprensa livre e controlando o trabalho dos jornalistas ao limitar o acesso deles a eventos e demorar para repassar informações públicas. Os profissionais reclamaram à Florida Society of News Editors o fato de o governador ter limitado o acesso a certos eventos a um número de repórteres pré-selecionados, além de impedir a participação de jornalistas do Miami Herald e da agência Associated Press numa recepção na sede do governo depois a cerimônia de sua posse. Novas regras para a cobertura de reuniões de gabinete também foram implementadas, sendo que pela primeira vez em 20 anos, jornalistas não foram autorizados a fazer perguntas para o governador antes de uma reunião, além de serem orientados a não se aproximar de Scott também após o encontro.

Bolívia - O Ministério Público intimou meios de comunicação para que expliquem a origem de um vídeo no qual uma testemunha-chave na investigação de um grupo separatista, supostamente envolvido em atividades terroristas, recebe dinheiro para fugir do país. “Os que receberam esse vídeo, entendo que são alguns jornalistas, terão que dar as caras e declarar diante do Ministério Público como obtiveram o material”, afirmou o promotor Marcelo Soza ao jornal La Razón. Segundo o diário Los Tiempos, o jornalista John Arandia, apresentador da emissora Canena A, foi o primeiro convocado a revelar a origem do vídeo que mostra Ignacio Villa Vargas, conhecido como “El Viejo”, recebendo mais de US$ 30 mil de uma pessoa identificada pela imprensa como um ex-funcionário do governo. Villa Vargas é testemunha nas investigações judiciais sobre um grupo acusado de atividades terroristas, de organizar um exército separatista em Santa Cruz e supostamente planejar o assassinato do presidente Evo Morales. Segundo a Erbol, ele teria recebido dinheiro para fugir depois de delatar integrantes do grupo. Organizações de jornalistas e meios de comunicação criticaram a convocação de jornalistas na investigação, apontando violações à liberdade de expressão, ao direito a informação e o sigilo da fonte.

Afeganistão - O jornalista Razaq Momoon foi atingido com ácido no rosto jogado por um desconhecido em 18 de janeiro, quando fazia o trajeto para sua casa na capital Cabul. Momoon sofreu queimaduras no rosto, mãos e peito, mas os ferimentos não apresentam gravidade e suspeita-se que a agressão tenha sido motivada por artigos políticos. O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, condenou a agressão sofrida pelo jornalista, e afirmou que ele receberá tratamento médico no exterior, caso haja necessidade. Até o momento, nenhum suspeito foi detido. O jornalista ganhou reconhecimento no país como apresentador de um programa de TV sobre política. A atração saiu do ar há mais de um ano, porém Momoon começou a publicar artigos em vários jornais afegãos sobre o tema. Recentemente, o profissional escreveu um livro contando a história do assassinato de Ahmad Shah Massood, considerado herói da resistência afegã. Na obra, ele alega que a morte de Massood teve envolvimento do Irã. .....................
A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO
Notas do Brasil

Florianópolis (SC) – O colunista Luiz Carlos Prates, conhecido por declarações polêmicas no Diário Catarinense, Rádio CBN e RBS TV-SC deixou o Grupo RBS, após quase 23 anos na empresa. Em novembro passado, o comentarista afirmou durante o programa Jornal do Almoço, que a popularização do automóvel seria responsável pelo aumento dos acidentes de trânsito. “Hoje, qualquer miserável tem um carro. O sujeito jamais lê um livro, mora apertado em uma gaiola que hoje chamam de apartamento. Não tem nenhuma qualidade de vida, mas tem um carro na garagem”, disse em seu comentário. Na ocasião, Prates também chamou os pedestres que param nas estradas para ver os acidentes de “desgraçados” e “insanos”. A RBS declarou que a saída do colunista foi um acordo entre as duas partes, porque ele decidiu por novos rumos. No entanto, Prates disse que seu polêmico comentário pesou na decisão.

Campina Grande (PB) – O cinegrafista Joacil de Brito, da TV Paraíba, foi agredido em 3 de janeiro quando registrava imagens da sublocação irregular de boxes num shopping popular da cidade. O comerciante Rawalison da Silva questionou o motivo da filmagem e, descontrolado, surpreendeu o repórter, agredindo-o com um soco no rosto e quebrando parte do equipamento. Outra integrante da equipe, a jornalista Denise Delmiro, foi ofendida. Após ser detido pela polícia, o agressor foi encaminhado à 2ª Delegacia Distrital, onde assinou Termo de Ocorrência e foi liberado.

Rio de Janeiro (RJ) - O jornal Folha Universal terá que indenizar a apresentadora Xuxa Meneghel em R$ 150 mil por causa de matéria que a chamava de “satanista” e afirmava que a apresentadora havia vendido a alma para o demônio por US$ 100 milhões. Na petição, Xuxa disse que é uma pessoa de fé e que o texto prejudicou sua imagem. Por outro lado, a editora se defendeu e alegou que não houve abuso e estava no direito de informar, já que os fatos mencionados na matéria já foram abordados em outros veículos. Para a juíza Flávia de Castro, da 6ª Vara Cível da Barra da Tijuca, a reportagem não trazia informação, mas apenas especulação, sem direito de resposta. A editora, da Igreja Universal do Reino de Deus, também terá que se retratar na primeira página da próxima edição, após o trânsito em julgado da ação.

Pelo mundo

Paquistão – O repórter Wali Khan Babar, da emissora de TV Geo, foi assassinado por um grupo de homens armados na noite de 13 de janeiro. Outras 12 pessoas morreram da mesma forma, num período de 24 horas na cidade de Karachi. O carro em que o jornalista estava foi interceptado por pelo menos dois homens, que dispararam cinco tiros contra o automóvel. As balas atingiram a cabeça e o pescoço de Babar.

Paraguai - A polícia prendeu um colombiano suspeito do atentado a bomba ocorrido na madrugada de 12 de janeiro contra a sede da TV Cerro Corá, na capital Assunção. A prisão aconteceu horas depois da explosão e as autoridades não revelaram detalhes sobre as investigações do caso nem a identidade do suspeito.

México - A sede da rede de TV Pedras Negras em Coahulla foi atingida por duas granadas na madrugada de 8 de janeiro. Em 12 de janeiro, no sul da cidade de Monterrey, no estado de Nuevo León, o prédio do diário “El Norte” foi atacado por granadas e disparos de armas de grosso calibre. Não houve feridos. Os estados de Coahuila e Nuevo León estão localizados em uma das regiões mais perigosas do México desde que começou a ofensiva do governo contra o narcotráfico, em dezembro de 2006.

Inglaterra I - O Instituto Internacional para a Segurança da Imprensa (Insi) divulgou que, em 2010, morreram 97 jornalistas em todo o mundo, numa média de quase dois por semana. Do total, 85 foram assassinados; os demais morreram em fogo cruzado ou em incidentes, como o caso do cinegrafista da Guatemala atingido pela lava e pelas rochas enquanto tentava filmar a erupção de um vulcão. A maioria das vítimas não é de correspondentes estrangeiros em zonas de guerra, mas profissionais em seus próprios países, buscando expor a criminalidade e a corrupção, acrescenta o Insi. Entre os trinta países pesquisados, o Paquistão foi o mais violento, com 16 mortes. México e Honduras vieram em seguida, com dez mortes cada, com o Iraque na quarta posição, com seis.

Inglaterra II - O jornal Daily Telegraph está sob investigação do orgão de controle dos meios de comunicação por ter supostamente recorrido a repórteres disfarçados de eleitores para gravar, de forma ilegal, conversas de membros do Partido Liberal-Democrata. Tim Farron, presidente do partido, enviou em 13 de janeiro uma carta à Comissão de Queixas da Imprensa em que pede investigação sobre o caso, que se refere aos comentários feitos pelo atual ministro, Vince Cable, sobre o governo de coalizão, e que foram gravadas secretamente por repórteres que se passavam por eleitores.

Iraque - Uma corte acolheu o recurso do jornal britânico The Guardian, que era acusado de difamação contra o primeiro-ministro Nouri al-Maliki por um artigo publicado em abril de 2009. O Serviço Nacional de Inteligência do Iraque (Inis, na sigla em inglês) moveu ação contra o jornal, e também representou al-Maliki no processo. Em primeira instância, em novembro de 2009, a corte da província de Al-Karah considerou o artigo difamatório e condenou o The Guardian a pagar 52 mil libras de indenização. No entanto, no último dia 28 de dezembro, a corte de apelação considerou que o artigo não promoveu a difamação do líder político, tampouco do serviço de inteligência do país, adiando a decisão de primeira instância.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 02 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil
Indaial (SC) – O repórter Francis Silvy, da RBS TV - SC, afiliada da TV Globo, foi agredido a socos em 6 de janeiro quando investigava uma denúncia do Ministério Público (MP) contra empresários da cidade no Vale do Itajaí. Uma equipe de reportagem estava no estacionamento do shopping atacadista Vitória Régia, gravando cenas externas, quando o dono do imóvel, Vilmar Gaio, seu filho Diego e um segurança tentaram impedir a cobertura. O filho do empresário atingiu o repórter com socos e o segurança tentou intimidar a equipe com uma pistola. Os profissionais da RBS se abrigaram no carro da reportagem, mas os três agressores fecharam o portão do estacionamento e quebraram o vidro traseiro do veículo. A equipe conseguiu fugir por outro portão, que estava entreaberto e se dirigiu à polícia para registrar Boletim de Ocorrência. A reportagem apurava denúncias do MP sobre boicote a um shopping atacadista de Brusque por cinco empresários da cidade.

Campo Mourão (PR) - A repórter Maritânia Forlin foi presa em 7 de janeiro, acusada de trocar favores com criminosos. Ela relatava o que sabia sobre operações policiais e recebia informações sobre crimes para conseguir reportagens exclusivas, como mostram gravações telefônicas feitas em outubro com autorização da justiça. Maritânia trabalhava como repórter da Ric – Rede de Independência de Comunicação, afiliada da Rede Record no PR. As investigações duraram três meses. As negociações e conversas entre os traficantes, acompanhadas pela polícia, já resultaram na prisão de 17 pessoas que vão responder pelos crimes de tráfico de drogas, homicídio, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A Ric informa que a repórter era contratada por uma empresa terceirizada e foi demitida há três meses. E emissora desconhecia a acusação contra ela e a demissão foi um remanejamento de equipe. Procurada, a TV Record não se manifestou.

Brasília (DF) I - O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que o novo marco regulatório para a mídia eletrônica ainda deve ser objeto de consulta pública, pois alguns pontos da proposta, como a criação de uma agência reguladora, permanecem indefinidos. O ministro declarou que é preciso haver debate público sobre o tema para evitar interpretações equivocadas. A proposta de criação de uma agência reguladora para a mídia foi elaborada pelo ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Franklin Martins, e criticada por entidades ligadas ao setor.

Brasília (DF) II - O Partido dos Trabalhadores (PT) distribuiu aos seus 88 parlamentares que assumem em fevereiro o “Manual do Deputado Petista”, que recomenda que tomem cuidado com a grande imprensa já que, segundo a cartilha, a mídia teria má vontade com o PT. Por outro lado, o livreto sugere que os deputados evitem polêmicas “com suposição da existência de conspirações da imprensa contra o Congresso. Não seja corporativista”. O manual também explica que, na maioria das vezes, os jornalistas vêm com a pauta pronta, e que os parlamentares devem respeitar isso, além do dead line, “não participe ou tente derrubar (a pauta). É preciso ter paciência e resistência”. O livreto ainda fala da manipulação da notícia e enfatiza que a internet diminuiu o poder da grande imprensa.

São Paulo (SP) I - O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de SP e o secretário do interior e litoral da entidade, Alcimir do Carmo, foram condenados a indenizar Osmar Chor, diretor da TV TEM, em R$ 8 mil por danos morais. O jornalista dirige a afiliada da TV Globo no interior paulista e, na ação, contestava a notícia divulgada pelo sindicato, de que teria perseguido e demitido um repórter associado à entidade. Em janeiro de 2009, o sindicato divulgou em seu site, e em boletim enviado aos associados, que o jornalista havia se envolvido em um episódio “deplorável”, enquanto atuava como editor da TV Modelo, hoje pertencente à TV Tem. O boletim informativo dizia que o jornalista havia perseguido e demitido um repórter da emissora, que era dirigente sindical. Chor negou a perseguição e classificou a notícia como caluniosa. Perante a Justiça, Alcimir do Carmo convidou o jornalista Arnaldo Ferraz, que havia sido demitido da emissora, para testemunhar contra Chor. No entanto, a 2ª Vara do Juizado Especial Cível de Sorocaba (SP) entendeu que havia contradições no depoimento da testemunha e não encontrou provas do assédio moral. Para a Justiça, o informativo do sindicato prejudicou a reputação do jornalista, que atua há 30 anos na área. Alcimir mantém sua acusação e afirmou que irá recorrer.

São Paulo (SP) II - O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, perdeu uma ação que movia contra o jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital. No processo, o ministro do STF questionava a matéria “O empresário Gilmar Mendes”, publicada na revista em 2008 que tratava de uma ligação societária entre Gilmar e o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma escola de Direito. Segundo Leandro Fortes, o instituto havia fechado 2,4 milhões de contratos sem licitação com órgãos federais, principalmente após a chegada de Gilmar Mendes à presidência do STF. O ministro alegou que a matéria pretendia lhe “denegrir a imagem” e “macular sua credibilidade”. A juíza Adriana Garcia, do Tribunal de Justiça de SP, julgou improcedente a ação de Gilmar Mendes e extinguiu o processo contra Leandro Fortes e a Carta Capital.

Pelo mundo
França - A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou seu levantamento sobre a liberdade de imprensa em 2010. No período, foram 57 jornalistas mortos, 51 sequestrados, 535 presos, 1.374 agredidos ou ameaçados, 504 casos de censura na mídia, 127 jornalistas que tiveram que deixar seus países, 152 blogueiros detidos e 52 agredidos, e 62 países afetados pela censura na internet. Jornalistas foram mortos em 25 países. Quase 30% dos crimes ocorreram em nações africanas – Angola, Camarões, República Democrática do Congo, Nigéria, Ruanda, Somália e Uganda. A Ásia teve 20 casos, 11 deles no Paquistão. Na União Europeia, foram dois casos, na Grécia e em Látvia. O Iraque teve sete mortos. Dos 67 países onde houve assassinatos de jornalistas nos últimos 10 anos, oito são recorrentes: Colômbia, Afeganistão, México, Iraque, Paquistão, Filipinas, Somália e Rússia. Estes países, afirma a RSF, não evoluíram, e uma cultura de violência e impunidade se tornou cada vez mais fortalecida

Inglaterra – O editor assistente do News of the World, Ian Edmondson, foi suspenso por tempo indeterminado por suposto envolvimento na crise dos grampos telefônicos ilegais do tablóide. Um porta-voz do jornal afirmou que a publicação fez uma investigação interna e concluiu pela responsabilização do editor assistente por coordenar as ações. Desde meados do ano passado, o jornal é alvo de investigação por ter supostamente invadido caixas-postais e grampeado telefones de celebridades para produzir manchetes e notícias sensacionalistas.

Nepal - O jornalista Shreedeep Rayamajhi, colaborador de organizações internacionais de mídia como a GroundReport e o iReport da CNN, divulgou pela internet que foi agredido e ameaçado de morte no final de 2010 em razão de suas reportagens. Rayamajhi começou a receber ameaças via e-mail no começo de novembro, poucos dias antes de ser atacado nas ruas de Katmandu, quando teve uma clavícula fraturada e uma torção no joelho. O jornalista relatou o caso à polícia local, mas foi desacreditado, já que freelancers no país não possuem carteira de identificação de repórter. Quando então procurou a Federação dos Jornalistas do Nepal, obteve o mesmo tratamento. Segundo o Global Voices, Rayamajhi parou de trabalhar e teme por sua vida.

Turquia - A jornalista curda Emine Demir foi condenada a 138 anos de prisão por fazer propaganda dos separatistas curdos. A pena estipulada pelo tribunal de Diyarbakir, no sudoeste do país, foi mais pesada porque a jornalista reincidiu. Estipula-se que entre dez e quinze milhões de curdos morem na Turquia atualmente. O país tem adotado medidas de concessão de direitos culturais aos curdos na intenção de se adequar aos requisitos para uma futura adesão à União Europeia. Mesmo assim, jornalistas da etnia são condenados com frequência por defenderem a independência do território ocupado por eles.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

TAMBOR DA ALDEIA 01 ANO VI

A LIBERDADE DE IMPRENSA NO BRASIL E NO MUNDO

Notas do Brasil

Brasília (DF) - A jornalista Helena Chagas assumiu a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em 2 de janeiro prometendo defender a liberdade de imprensa e manter a política adotada por seu antecessor, Franklin Martins, de adoção de critérios técnicos para a publicidade oficial e valorização da mídia regional. Helena aproveitou a oportunidade para criticar aquilo que chamou de “cacoete” dos rankings feitos por institutos internacionais que apontam defeitos na democracia brasileira.

Porto Alegre (RS) - A TV Globo deve indenizar em R$ 10 mil por dano moral uma mulher que teve seu número de celular exibido durante a novela “Páginas da Vida”, por dois dias consecutivos. A 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do RS manteve, por unanimidade, a condenação anterior, embora tenha reduzido o valor da indenização que antes havia sido fixado em R$ 19 mil. Segundo a autora, a divulgação de um número de celular idêntico ao seu lhe causou transtornos, pois passou a receber inúmeras ligações de telespectadores e curiosos, inclusive de madrugada, que queriam saber se o telefone era da atriz Ana Paula Arósio ou da personagem da novela. Outros faziam piadas sobre a coincidência. Para a relatora do recurso no Tribunal, desembargadora Marilene Bernardi, a autora teve violado seu direito à privacidade.

São Paulo (SP) - O jornalista José Luiz Datena, da rede Bandeirantes, foi punido com uma advertência pela Secretaria de Justiça de SP no processo aberto contra ele pela Defensoria Pública por “discriminação homofóbica”. O inquérito foi aberto após o apresentador chamar de “travecão butinudo” durante o programa Brasil Urgente a um travesti envolvido em uma agressão, e que chegou a empurrar o cinegrafista da emissora. O apresentador afirma que não houve discriminação e que simplesmente comentou a briga.

São Paulo (SP) II - O Grupo Folha da Manhã afirma que não há qualquer tipo de censura aos criadores do site Falha de S.Paulo, que parodiavam o jornal Folha de S.Paulo. Segundo a empresa, “na própria ação, o jornal deixa claro que não se opõe à sátira e não tem a intenção de criar obstáculos ao conteúdo do blog”. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou a decisão do grupo em mover ações contra os criadores do site. Em comunicado, a entidade afirmou que a movimentação da empresa contra o site “ilustra um novo tipo de censura”. A Folha reiterou sua posição em favor da livre opinião, afirmando que tem conduta pautada pela liberdade de expressão e que atua nos limites da lei. Sobre outra ação onde busca indenização por danos morais, cujo valor ainda será definido, a Folha não se pronunciou. Para a RSF, caso a Folha vença a segunda ação e a liminar que embargou o site seja mantida, “será criado um precedente perigoso em relação ao direito à caricatura, parte integrante da liberdade de expressão e de opinião”.

Pelo mundo

França - A ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC) denuncia que 105 jornalistas foram assassinados em 33 países no decorrer de 2010. Com estes números 529 profissionais de imprensa foram vítimas de violência no exercício da profissão, nos últimos cinco anos. A América Latina foi a região mais perigosa para o trabalho dos jornalistas, com o registro de 35 mortes no ano passado. Na Ásia, 33, e, na África, 14 morreram em razão de seu trabalho. No Oriente Médio, 11 foram mortos e, na Europa, 12. Mesmo assim, comparando com 2009, o número de assassinatos caiu de 122 para 105.

Inglaterra - O fundador e editor do site WikiLeaks, Julian Assange, afirmou que espera arrecadar US$ 1,2 milhão ao vender os direitos de sua biografia, que ainda irá escrever e vender para diferentes editoras em todos os continentes. Para comercializar o livro, o australiano confirma que já recebeu propostas de editores ingleses e dos EUA. Assange diz que não desejava e não pretendia escrever uma autobiografia, mas que essa foi a fórmula encontrada para conseguir dinheiro para “salvar o WikiLeaks”. O editor do site, que divulga documentos secretos de governos, alega que só com advogados gasta cerca de US$ 250 mil. O problema financeiro do WikiLeaks e de seu fundador começou quando o governo dos EUA passou a acusar Julian Assange de crimes de terrorismo. A Amazon, que hospedava o WikiLeaks, tirou o site do ar, além de Visa e Mastercard, que vetaram doações ao site por meio de suas contas.

Irã - Os jornalistas Marcus Alfred Rudolf Hellwig e Jens Andreas Koch, do semanário Bild am Sonntag, presos desde outubro se encontraram com seus familiares em 28 de dezembro, na cidade de Tabriz, no noroeste, onde permanecem detidos. Os jornalistas foram detidos sob acusação de atuarem no país sem a devida autorização do ministério da Cultura quando entrevistavam o filho e o advogado de Sakineh Mohammadi-Ashitiani, a iraniana condenada à morte por apedrejamento. Cem políticos e líderes econômicos da Alemanha apelaram ao Irã em 2 de janeiro pela libertação de dois repórteres. O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, estava entre os membros do gabinete de Angela Merkel que se juntaram aos líderes da oposição e celebridades no apelo, publicado em mais de 15 páginas no semanário Bild am Sonntag. O documento conta ainda com as assinaturas de destacados desportistas alemães, como o ex-tenista Boris Becker e o ex-jogador Franz Beckenbauer, e de artistas como a violinista Anne-Sophie Mutter e a atriz Veronica Ferres. Entre os que pedem a libertação dos jornalistas há ainda o presidente do consórcio Bayer, Marijn Dekkers, o diretor-executivo da BMW, Norbert Reithofer, o cineasta Volker Schlöndorff e o escritor Martin Walser.

Irã II - O jornal espanhol El País teve o acesso ao seu site bloqueado em território iraniano, após o vazamento de um documento diplomático dos EUA pelo WikiLeaks - que aponta que o chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Alí Safari, esbofeteou o presidente Mahmoud Ahmadinejad durante uma discussão. O governo bloqueou o acesso a outras páginas que reproduziam a notícia. A informação não foi confirmada por fontes oficiais. O El País revelou o conteúdo de informações da embaixada americana em Baku (Azerbaijão), no qual o diplomata americano Rob Garverick repassa informações de fevereiro de 2010 que obteve com uma fonte iraniana que teve a identidade preservada.

Índia - O Conselho de Imprensa declarou esta semana que a proliferação de notícias pagas no país constitui uma ameaça à democracia. Uma investigação conduzida pelo Conselho descobriu que muitos dos grandes jornais já aceitaram pagamentos em troca da publicação de notícias e existe o temor de que esta situação prejudique a ética e os valores da mídia indiana.
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A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa, Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Sociedade Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.online.pt)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se, Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan.org), Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero

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