Destaques: Apresentador afastado por manifestações homofóbicas na PB.
Justiça livra jornal e blogueira de indenizar políticos. RSF e CPJ revelam
redução de mortes de jornalistas em 2017. Profissionais perdem a vida no México
e em Mogadíscio.
Notas
do Brasil
Rio de Janeiro (RJ) - O jornal O
Dia se livrou de indenizar o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) em ação de
reparação de danos morais ajuizada em razão de uma charge que o vinculava ao
atentado terrorista a uma boate gay em Orlando, nos EUA, em 2016. A decisão
foi do Tribunal de Justiça do RJ. A
charge mostra uma parede branca, com gradações de altura, para o reconhecimento
de suspeitos por vítimas ou testemunhas de crimes. Encostados nessa parede, da
esquerda para direita, são representados o deputado federal e pastor Silas
Malafaia, o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo, o deputado
federal e pastor Marco Feliciano e, por fim, Bolsonaro. Acima deles, entre
aspas, a frase: “Não sei, foi tudo muito rápido... Poderia ter sido qualquer um
deles, ou todos, sei lá...” – que, segundo consta, teria sido dita por um dos
sobreviventes do atentado ao tentar identificar os responsáveis pelo ato.
Juiz de Fora (MG) – O jornal
Diário Regional e o Interarte Sistema de Comunicação foram condenados a
indenizar dois sócios de uma casa lotérica em R$ 40 mil por publicarem
reportagens acusando-os indevidamente de planejar um assalto forjado para conseguir
o dinheiro do seguro. Os veículos noticiaram que o dono do estabelecimento
havia perdido a concessão da Caixa Econômica Federal depois de confirmada
fraude em que ele teria forjado um assalto para receber o seguro. No entanto, ficou demonstrado nos
autos que os empresários foram vítimas de extorsão por parte do policial
militar que atendeu a um chamado de assalto. Como não cederam às ameaças do
policial, o sócio da lotérica foi conduzido à delegacia e acusado de
comunicação falsa de assalto.
João Pessoa (PB) – O apresentador
Fábio Araújo, da TV Tambaú, foi afastado do telejornal Tambaú Notícias após repercutir
ação homofóbica direcionada à cantora drag queen Pabllo Vittar. Durante a
exibição do noticioso, Araújo apresentou comentários feitos pelo humorista
Falcão. O cantor tinha usado as redes sociais para ironizar a voz de Pabllo
Vittar. Ao comentar o caso, o apresentador usou o refrão da música “Holiday Foi
Muito”. O trecho, de autoria de Falcão diz: “menino é menino, macaco é macaco,
e viado é viado”. Na última frase, o jornalista apontou para a foto de Pabllo
no telão presente no estúdio, enquanto dava risadas.
Brasília (DF) – A jornalista e
blogueira Joice Hasselmann, da rede Jovem Pan, foi absolvida na ação de
indenização ajuizada pela senadora Regina Sousa (PT-PI), por decisão do juiz
Luciano Mendes, da 18ª Vara Cível. Em um vídeo publicado no YouTube, Joice
chamou a petista de “anta”, “gentalha”, “semianalfabeta” e “cretina”. A
blogueira acompanhava sessão no Senado enquanto Regina Sousa discursava durante
julgamento da então presidente Dilma Roussef. “Como uma criatura dessa se
elege? Como alguém vota numa anta dessa? A mulher não consegue nem falar
direito? (...) É um circo!”, declarou. A
senadora entrou com ação contra a blogueira, cobrando indenização por dano
moral, sob a alegação de que o conteúdo representava ofensa e ataque pessoal, e
não crítica política.
Pelo mundo
Mogadíscio - O jornalista
Mohamed Ibrahim Mohamed, da Kalsan TV, foi morto em 11 de dezembro por um
explosivo colocado sob o assento do motorista em seu carro no distrito de
Madina. Nenhum grupo ou indivíduo reivindicou a responsabilidade pelo
assassinato. Mohamed Ibrahim era uma âncora com foco nas questões políticas
regionais.
México - O repórter Pérez
Aguilando, fundador e repórter criminal do La Voz del Sur, que já havia sofrido
ameaças, foi morto em Veracruz durante uma celebração de Natal na escola de seu
filho. Três pessoas supostamente seguiram Aguilando a uma escola primária
na localidade de Acayucan na manhã de 19 de dezembro e atiraram contra ele nove
vezes. Este é o quarto assassinato de um jornalista no estado de Veracruz este
ano. O colunista Ricardo Monlui Cabrera do El Político foi morto em Yanga no
dia 19 de março. O cinegrafista hondurenho Edwin Rivera foi morto em Acayucan
no dia 9 de julho. E Cándido Ríos Vázquez, repórter do El Diario de Acayucan,
foi morto em Hueyapan de Ocampo em 22 de agosto.
Gabão - Dois jornalistas dinamarqueses
do canal National Geographic ficaram gravemente feridos ao serem esfaqueados
por um cidadão nigeriano, que disse ter realizado o ataque como vingança pelo
reconhecimento de Jerusalém como capital israelense pelo presidente dos EUA,
Donald Trump. Os jornalistas foram atacados em 19 de dezembro num mercado
de artesanato em Libreville e levados a um hospital para atendimento.
França - Sessenta e cinco profissionais
da comunicação foram assassinados em 2017, incluindo 50 jornalistas, sete blogueiros
e oito colaboradores da imprensa, segundo o balanço anual da ONG Repórteres Sem
Fronteiras (RSF). O ano de 2017 foi o menos violento dos últimos 14 anos para
os profissionais no exercício da profissão, mas o número de vítimas permanece
elevado. A redução, segundo a RSF, se deveu à menor presença de jornalistas nos
países perigosos ou pela melhor proteção dos repórteres. De todas as mortes –
entre profissionais e não profissionais – em 2017, 39 foram assassinados ou
alvos explícitos, enquanto 26 perderam a vida no exercício de suas funções. A
exemplo de 2016, a Síria foi o país mais perigoso, com 12 jornalistas mortos, à
frente do México (11, contra nove em 2016), Afeganistão (9), Iraque (8) e
Filipinas (4). A RSF também contabilizou 326 jornalistas detidos no mundo,
incluindo 202 profissionais, 107 blogueiros e 17 colaboradores. Apesar da
tendência geral de baixa, alguns países se destacaram com um número elevado de
jornalistas detidos em 2017. A China tem o recorde de repórteres na prisão com
52, à frente da Turquia (43), Síria (24), Irã (23) e Vietnã (19). Atualmente,
segundo a RSF, 54 jornalistas são mantidos como reféns por grupos armados como
o Estado Islâmico, que tem 22 repórteres sequestrados.
EUA I - Ainda que o número de
jornalistas mortos por seu trabalho tenha diminuído globalmente em 2017, o
Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) destacou uma exceção: o México
onde “o número de jornalistas mortos por causa de suas reportagens atingiu um
nível histórico”, informou a ONG no relatório anual. Na América Latina,
Brasil e Colômbia também foram incluídos na lista de casos confirmados pelo
CPJ, com um jornalista morto em cada país. Pelo menos 42 jornalistas em todo o
mundo foram mortos “no exercício de suas funções” durante o período coberto
pelo relatório, até 15 de dezembro. O número representou uma diminuição em
relação a 2016, quando foram registradas 48 mortes no exercício da profissão. O
CPJ definiu “casos confirmados” como aqueles em que é certo que o assassinato
do jornalista ocorreu como retaliação direta a seu trabalho jornalístico. O
documento também inclui casos de jornalistas mortos “em fogo cruzado
relacionado a combates”, bem como aqueles que morreram “enquanto realizam uma
tarefa perigosa”.
EUA II - A Federação
Internacional de Jornalistas (FIJ) divulgou levantamento que demonstra que uma
em cada duas mulheres jornalistas já sofreu assédio sexual, abuso psicológico,
assédio online e outras formas de violência de gênero no ambiente de trabalho. A
pesquisa, que teve o testemunho de 400 mulheres, revelou que em 85% dos casos
nenhuma ação foi tomada pelos veículos e agências, ou que as medidas eram
inadequadas. A maioria das redações ou locais de trabalho nem sequer oferecem
uma política para combater esse tipo de abuso ou fornecer um mecanismo para
informar sobre eles. A FIJ apoia
ações destinadas a conseguir um convênio da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) sobre a violência de gênero no mundo do trabalho.
Inglaterra - A rede de TV BBC
vai levar jornalistas a cerca de mil escolas do Reino Unido para ensinar alunos
a identificar as notícias potencialmente falsas em blogs e redes sociais.
Outra iniciativa é o Trust Project (Projeto Confiança). Ele é um consórcio
internacional de organizações de notícias, que colaboram para criar padrões de
transparência no jornalismo. O objetivo é construir uma imprensa mais
confiável. Tudo como resultado do crescimento e disseminação das “fake news”. O
objetivo é fazer com que o público consiga identificar com uma maior facilidade
as informações que não são verdadeiras.
Paraguai - Vilmar Acosta
Marques, ex-prefeito de Ypejhú, foi condenado a prisão pelo assassinato em 2014
do correspondente regional Pablo Medina, do jornal ABC Color, e sua assistente,
Antonia Almada. Os promotores acusaram Acosta ordenar a dois suspeitos que praticassem
o assassinato. Medina era ameaçado por causa de sua cobertura sobre o
narcotráfico na região.
Argentina - Ao menos 12 profissionais
da imprensa foram feridos por forças de segurança e outros quatro por manifestantes
durante o protesto contra a proposta de reforma da previdência em 14 de
dezembro. A Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas (Adepa)
expressou repúdio à “violência contra trabalhadores de imprensa” durante o
protesto, e pediu às autoridades que investiguem o ocorrido. A manifestação foi em oposição a uma
reforma do governo Macri que propõe cortar a aposentadoria de milhões.
................................
A Associação Riograndense de Imprensa (www.ari.org.br) disponibiliza o
correio eletrônico imprensalivre@ari.org.br aos profissionais e estudantes da
comunicação social para as denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da
profissão de jornalista.
O programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio
da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre (RS), apresenta a resenha semanal
das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e
expressão.
Fontes: ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj
(www.fenaj.org.br), ANJ (www.anj.org.br), Observatório da Imprensa
(www.observatoriodaimprensa.com.br), Abert (www.abert.org.br), Abraji
(www.abraji.org.br), Portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br), Rede em
Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal
Coletiva (www.coletiva.net), Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), Sociedade
Interamericana de Imprensa (Miami), Federação Internacional deJornalistas
(www.ifj.org) (Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal
(www.jornalistas.eu)(Lisboa), ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org)
(Paris), Portal Comunique-se (portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção
aos Jornalistas (Nova Iorque), Centro Knight para o Jornalismo nas Américas
(knightcenter.utexas.edu), ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom
House (www.freedomhouse.org), Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org),
Fórum Mundial dos Editores e outras instituições e entidades de defesa do livre
exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero
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